segunda-feira, 18 de março de 2013

Brasil como Polo de Imigrantes


Copa do mundo, Olimpíadas e crescimento econômico atraem imigrantes à procura de emprego
 Dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgados no último dia 3, mostram que, apesar da crise econômica mundial em 2008, o número de imigrantes aumentou um terço em 10 anos. O fluxo sempre aconteceu de países subdesenvolvidos para nações de primeiro mundo. No entanto, a projeção do Brasil no cenário internacional colocou o país na rota dos imigrantes. Copa do Mundo e Olimpíadas são eventos que aquecem o mercado de serviços e o crescimento econômico do país é visto como garantia de oportunidade.
A OCDE, formada por 35 países desenvolvidos, indicou que o país que recebeu o maior número de pessoas é a Espanha, população de estrangeiros triplicou, apesar da crise europeia. França e Alemanha não apresentaram aumento significativo nesse setor.
Imigrar, no sentido estrito da palavra, significa sair do país de origem e estabelecer-se em outro de maneira provisória ou permanente. Os motivos para esse deslocamento estão, na maioria das vezes, relacionados com conflitos internos, desemprego e crise econômica.
O desafio do gigante
Dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostram que o número de concessões de trabalho para estrangeiros, no Brasil, dobrou nos últimos três anos. De duas mil e quinhentas licenças, o MTE passou a liberar quatro mil e quinhentas em 2012.
O Brasil desponta como novo polo de imigrantes provenientes da África e de países menos desenvolvidos da América, porém o país conta com pouca estrutura para orientar os recém-chegados.
A coordenadora e presidenta da ONG Inti Wasi, que orienta imigrantes peruanos na cidade de São Paulo, Carmen de Watson, comenta as principais dificuldades enfrentadas pelos recém-chegados. “São um grupo vulnerável, por não terem documentação, acabam trabalhando em condições desfavoráveis”, diz.
Sobre a educação dos estrangeiros ela explica que “as crianças sofrem bulling nas escolas, o sistema escolar e a cultura são um choque para elas, [de modo que] muitas famílias levam os filhos de volta para estudar no seu país, Peru ou Bolívia, por exemplo. As diferenças culturais são muito grandes”.
País deve atentar quanto ao tratamento aos imigrantes
Para o coordenador do Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação e professor da USP, Dennis de Oliveira, o caso da imigração não é recente. “A imigração de europeus no final do século XIX e início do século XX foi estimulada pelo Estado brasileiro, fazia parte da política de ‘branqueamento’ da população. As políticas de ação afirmativa do Estado em  favor desses imigrantes fizeram com que, num espaço pouco maior que cem anos, eles tivessem uma ascensão social meteórica, que talvez nem nos seus países de origem teriam”. Oliveira afirma que a imigração para o Brasil pode ser afirmativa ou negativa, dependendo da maneira com que o país tratará os estrangeiros. “Já os africanos, que vieram para cá à força, bem como outros imigrantes de países do Terceiro Mundo, continuam vivendo nas piores condições sociais”, ressalta.
O professor comenta que pessoas vindas de outros países têm muito a acrescentar para a cultura nacional e a miscigenação depende do entrosamento desses grupos com os brasileiros. “Se o país demonstrar abertura, principalmente olhando-os não somente como mão de obra, mas também como pessoas com experiências culturais próprias, poderá haver um interessante diálogo intercultural”, afirma Dennis. Ele esclarece, porém, que esse processo acontece depois da segunda ou terceira geração dessas famílias.
 Fonte - Flavia Alves (NIEM/UERJ)

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