sábado, 5 de setembro de 2009

Brasileiros devem aumentar participação política nos EUA

Globo.com, 16/08/09:http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1266026-5602,00.html


Comunidade brasileira nos EUA se mobiliza para participar do censo do país

Contagem da população é base para divisão de poder e verbas do governo.
Registro oficial de brasileiros é cerca de um quarto do total real.

Daniel Buarque Do G1, em São Paulo

Oito meses antes do início, em abril, da contagem oficial da população dos EUA pelo censo do próximo ano, rádios e TVs voltadas para imigrantes brasileiros no país fazem campanha para que estes participem do processo e sejam incluídos nos dados oficiais do governo norte-americano.

A intenção é fazer com que os brasileiros sejam contados para que o grupo possa se fortalecer politicamente, passando a ser visto como relevante para a sociedade norte-americana, explicou, em entrevista ao G1, o brasileiro Álvaro Lima, diretor de pesquisas e assessor para desenvolvimento econômico da Prefeitura de Boston, cidade que reúne a maior comunidade brasileira nos EUA.

O número de brasileiros vivendo nos Estados Unidos passa de 1 milhão, mas nos dados oficiais do governo daquele país constam apenas aproximadamente um quarto deles, o que fragiliza o grupo politicamente e faz com que as cidades em que vivem não estejam financeiramente estruturadas para oferecer todos os serviços a eles.

O contraste se dá porque as políticas públicas do governo norte-americano são baseadas em dados do censo, e muitos imigrantes brasileiros não responderam à última pesquisa, realizada em 2000. “O censo sempre subestima as populações de baixa renda e imigrantes, que respondem menos ao questionário. É preciso um esforço muito grande para que as pessoas respondam ao censo”, explicou Lima, que coordena parte do trabalho na região de Boston, no estado de Massachusetts, que mais concentra brasileiros no país, cerca de 330 mil pessoas. Segundo ele, o censo do próximo ano vai ter a mesma dificuldade de registrar o número total de imigrantes, e por isso a campanha de conscientização começou mais cedo.

“Muitos imigrantes têm medo de responder ao censo, mesmo que seja totalmente anônimo.” O censo não distingue entre brasileiros com documentação ou sem, explicou, não sendo um risco para a população que vive ilegalmente no país. “As pessoas têm medo, mesmo assim, e por isso é importante a mobilização dos brasileiros, para mostrar que não há risco.”

O diretor do Centro do Imigrante Brasileiro é um dos que têm suspeitas, e defende até mesmo um boicote ao censo.A segurança dos imigrantes, mesmo ilegais, é algo ressaltado também pela diretora regional do Census Bureau em Boston, Kathleen Ludgate. Em entrevista ao G1, ela explicou que a confidencialidade é obrigatória e que, por lei, não se pode distribuir as respostas individuais para nenhuma agência governamental. "Nenhuma outra agência do governo tem acesso às informações do censo, que são protegidas por lei, e a Justiça sempre acatou a proteção ao sigilo", disse. Ela é coordenadora do trabalho do censo nos estados de Connecticut, New Hampshire, Vermont, Maine, Rhode Island, parte de Nova York e Porto Rico.

Segundo dados do próprio censo, a lei federal Title 13 proíbe a divulgação de dados pessoais coletados por 72 anos. Nenhuma agência governamental, nem mesmo o presidente dos Estados Unidos tem acesso privilegiado aos dados pessoais coletados pelo censo e a lei Title 13 esá acima de qualquer mandado judicial

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